segunda-feira, dezembro 05, 2016

Intermarché celebra 25 anos em Portugal

O Intermarché assinala 25 anos de actividade em Portugal e, para comemorar, avançou com uma colecção de vinhos. É um passeio pelo país conduzido por alguns dos melhores enólogos do país.
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As empresas de distribuição terem vinhos próprios não é novidade. Diferente é apresentarem vinhos com interesse. Enquanto uns vendem, cada vez mais, sucata, outros interessam-se em respeitar o consumidor.
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O Intermarché está a apostar na qualidade. Para a festa dos 25 anos, cada enólogo escolhido é, além de reconhecida competência, referência em algumas regiões: Rui Reguinga (Alentejo e Douro), Paulo Laureano (Alentejo), Jaime Quendera (Península de Setúbal) e Anselmo Mendes (Vinho Verde).
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Rui Reguinga assina um tinto da sub-região de Portalegre, referente a 2014, elaborado com uvas alicante bouschet, aragonês, grand noir e trincadeira. É também o responsável pelo Douro, também de 2014, feito com tinta roriz, touriga franca e touriga nacional.
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Paulo Laureano criou um tinto, na sub-região da Vidigueira, referente à vindima de 2014. As castas usadas foram as alicante bouschet, aragonês, tinta grossa e trincadeira.
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Através da Casa Ermelinda Freitas, Jaime Quendera apresenta um tinto de 2013, produzido à partir de cabernet sauvignon, syrah e touriga nacional.
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Por fim, Anselmo Mendes é responsável pelo único branco da colecção. Trata-se dum alvarinho da sub-região de Monção e Melgaço, referente a 2015.

Murça Minas 2015 + Murça Margem 2015

O Esporão avançou com duas novidades produzidas na Quinta dos Murças, no Douro. Tratam-se de dois tintos, referentes à vindima de 2015. Não desiludem quanto ao reflexo do que é a região. Porém, não me preencheram as expectativas.
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O Murça Minas 2015 é filho de tinta francisca, tinta roriz, tinto cão, touriga franca e touriga nacional. A fruta foi prensada a pé e numa prensa vertical. Estagiou em cubas de betão e em barricas usadas de carvalho francês.
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Tornou-se hábito em Portugal desdenhar do estágio em madeira, apontando-lhes efeitos desnecessários. Penso que, em 99% dos casos, trata-se de conversa para não dizer contenção de custos.
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Juntamente com o queixume da madeira, apareceu a ditadura da fruta. A fruta faz parte, mas não é – para mim – factor de necessária bonificação. Fruta, frutinha e flores em conta, peso e medida.
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Repare-se que os vinhos de topo continuam a penar os padecimentos causados pela malvada madeira. Cada um sabe o que faz e o que quer. Não sei – porque não o posso saber – se aqui a opção da madeira usada e da cubas em betão foi apenas enológica ou também para responder a menor encargo.
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Não sou caruncho, mas gosto de madeira. Neste caso em concreto, falta-lhe madeira. É um vinho vivo em fruta, além do meu gosto. Reafirmo o que sempre disse: as minhas palavras não são lei, as avaliações são subjectivas e inteiramente pessoais. Não reporto falta de qualidade ao vinho, assinalo as preferências.
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Apreciei mais o Murça Margem 2015, mas continuo a achar que lhe faltou madeira. Parece que lhe falta uma parede na estrutura e tempero na boca. Ao mesmo tempo, essa natureza de pomar excede a minha preferência.
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O Murça Margem 2015 fez-se com uvas touriga franca e touriga nacional. Os bagos foram esmagados a pé e em prensa vertical. O vinho estagiou nove meses em barricas usadas de carvalho francês.
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Seria extremamente injusto da minha parte classificar mal estes vinhos, apesar de, face às expectativas, ficarem abaixo. Seria injusto para a equipa de enologia e para a empresa, no seu todo. É uma casa que se tem mostrado pioneira nos cuidados ambientais, seja na vinha, seja na adega, com trabalho rigoroso, consistência no carácter da produção e fiável na qualidade.
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Aliás, apesar das palavras surgirem com um tom crítico, estes dois vinhos têm virtude. São dois belíssimos vinhos, que simplesmente não me preenchem inteiramente – gosto pessoal, reafirmo. As notas atribuídas são inequivocamente positivas.
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Murça Minas 2015
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Origem: Douro
Produtor: Esporão
Nota: 5/10
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Murça Margem 2015
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Origem: Douro
Produtor: Esporão
Nota: 6/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.

Grandes Quintas Douro Reserva Tinto 2013 + Grandes Quintas Colheita Tinto 2014

Vejo algum pudor, em alguns meios, e afirmar a sua preferência por uma região. A justificação é basicamente a de que em «toda a parte» se fazem bons vinhos e que escolher uma é redutor. Reconheço que nos tintos tenho uma enorme inclinação para o Douro.
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A Casa de Arrochella tem-me mostrado tintos que não me desiludem, quer como apreciador duriense quer como enófilo. Vêm agora ao caso dois Grandes Quintas que são a região – aquilo que lhe valorizo. É habitual neste produtor.
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O Grandes Quintas Colheita Tinto 2014 tem o ADN do produtor e da região. Não se trata dum vinho de grande deslumbre, mas é um exemplar que dá bom contentamento e acompanha bem pratos de carne vermelha. Fez-se com tinta roriz, tinto cão, touriga franca e touriga nacional.
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O Grandes Quintas Douro Reserva Tinto 2013 é um vinhaço amigo, daqueles que me caem muito bem quando a temperatura baixa. Não é quente ou pesado, é substancial e com frescura. Fez-se com tinta amarela, tinta roriz e touriga nacional. Estagiou 18 meses em barricas de carvalho francês.
Grandes Quintas Colheita Tinto 2014
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Origem: Douro
Produtor: Casa de Arrochella
Nota: 6/10
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Grandes Quintas Douro Reserva Tinto 2013
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Origem: Douro
Produtor: Casa de Arrochella
Nota: 7/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.

Caiado Branco 2015 + Caiado Rosé 2015 + Caiado Tinto 2015

A Adega Mayor nasceu certeira. Não sendo uma firma antiga, tem apresentado consistência. Isto traduz-se numa qualidade regular, factor que valorizo muito, pois gosto de saber o que compro e não de surpresas.
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Aliás, surpresas só as que decorrem da diferenciação dos anos ou da característica do lote. O que não gosto é da oscilação da qualidade.
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Chegaram-me, faz meses, a colecção dos Caiados, referência popular da Adega Mayor. Comprova-se o profissionalismo da empresa e, obviamente, da equipa técnica. São três vinhos fáceis de gostar e com vocação gastronómica.
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Caiado Branco 2015
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Adega Mayor
Nota: 5/10
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Caiado Rosé 2015
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Adega Mayor
Nota: 5/10
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Caiado Tinto 2015
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Adega Mayor
Nota: 4/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor