segunda-feira, fevereiro 11, 2013

Novidade e ousadia de Alves de Sousa

Não sou homem de atrasos, mas no que ao blogue diz respeito… ai, minha Nossa Senhora. Domingos e Tiago Alves de Sousa jantararam (não é gralha, escrevi mesmo assim) a pandilha dos vinhos por alturas do Natal e só agora é que a prosa deu à costa. Peço desculpa… trabalho e outras vidas.
.
O ano de 2012 assinalou os 20 anos de Domingos Alves de Sousa no mundo dos vinhos. Por isso, o jantar serviu também para evocar néctares com história, reviver sensações… encontrar amigos (vinhos doutros tempos). Mas houve também tempo para umas novidades e ousadias.
.
A família vai na quinta geração de Douro (Tiago) e hoje exporta 75% da produção, presente em 28 países. Gaivosa, Vale da Raposa, Caldas, Estação, Aveleira e Oliveirinha são as quintas donde saem os vinhos, que têm a responsabilidade de Tiago e a direcção enológico a de Anselmo Mendes.
.
Hoje, porque é hoje, porque me apetece, não darei notas aos vinhos mais antigos. Posso porém dizer que estão acima do muito bom. Alguns são icónicos e ganharam estatuto. Nessa evocação de presente e passado… vamos, então, a isso:
.
Alves de Sousa Reserva Pessoal Branco 2001 tem uma delícia de oxidação, subtilmente doce e evocando anis. Na boca mostra-se mineral e fresco.
.
Vertical de Quinta da Gaivosa Tinto: 2005, fabuloso; 2003, fabuloso; 1995, upa, upa de fabuloso; 1992, fabuloso.
.
Alves de Sousa Reserva Pessoal Tinto 199 com grande elegância e fresco. Quinta da Gaivosa Vinha de Lordelo 2005, ai que bem me caiu no goto, Abandonado 2004, em êxtase…
.
A novidade: Alves de Sousa Berço Branco 2011. Berço, porque foi em Medrões, na Quinta da Aveleira, que há cinco gerações a família Alves de Sousa plantou a primeira vinha. Foi ali, dizem Domingos e Tiago, que se começou a ter vista diferente para os brancos e para vontades diferentes das do Vinho do Porto. Terra mais alta e mais fresca, ideias para novos brancos. Nas encostas, a 600 metros de altitude, os Alves de Sousa plantaram arinto e avesso.
.
No nariz é guloso na fruta, com madureza, pêssego e tangerina, com um fuminho suave e bom, resultado dos 15 meses em barricas novas de carvalho francês. Na boca tem belo corpo, com doçura, sem qualquer enjoo, com potência e frescura.
.
A ousadia: Alves de Sousa Memórias Tinto. É como quem diz, um medley. Num pequeno texto, os Alves de Sousa quiseram deixar um registo escrito a vinho: «um testemunho da nossa história». Juntaram num pot-pourri fruta das melhores vinhas da Gaivosa, Vale da Raposa e Oliveirinha, «mas também algumas das melhores colheitas». Dizem: «Estas são as nossas memórias».
.
Não é tudo ao molho e fé em Deus. É uma orquestra afinada e tronitruante, como uma sinfonia, ora solene ora ribeirinha, delicada e com garra. Um vinho complexo e fora do mundo. Tem canela, tabaco preto, menta, chocolate amargo, especiarias e, dentre elas, erva doce. A boca… ah, a boca!... elegância, envolvente e fresca, de amora e compota de ameixa, de café e pimenta. Uma grande malha.
.
.
.
Alves de Sousa Berço Branco 2011
Origem: Douro
Produtor: Alves de Sousa
Nota: 7,5/10
.
.
Alves de Sousa Memórias Tinto
Origem: não é passível de registo como Douro DOC
Produtor: Alves de Sousa

Nota: 9/10

Sem comentários: