domingo, janeiro 04, 2009

Análise a 2008

O ano de 2008 não correu bem. Pelo menos para mim. A crise toca a (quase) todos e fui atingido. Assim, registei um número inferior de vinhos, vinhos de menor potencial e uma escolha sobretudo direccionada para valores seguros, levando a uma maior repetição de vinhos face a outros anos, ao consumo de unidades que estavam guardadas e uma preferência para vinhos de pasto brancos e tintos, deixando de parte, na maioria das situações, os rosés, espumantes, colheitas tardia e generosos. Assim, vou centrar esta análise apenas aos de pasto. As pontuações reflectem as dinâmicas regionais, mas, como é óbvio, também o gosto do autor, traduzido no número de entradas, como pelas próprias notas. Essa coisa de total equidistância e valoração apenas qualitativa em abstracto são lérias de crítico profissional que, certamente por motivos profissionais, assim o tem de fazer. Posto isto, em direcção ao que interessa.
Nos brancos registou-se uma situação que é já repetida: notas inferiores às obtidas pelos tintos. Aqui não é alheio o facto de Portugal ter um melhor clima para tintos, além de uma deficiente aposta dos produtores nacionais nos brancos (embora já haja boa gente a querer inverter a situação.
Nesta análise vou apenas abranger regiões portuguesas (até porque só houve uma estrangeira, francesa) e as que tiveram mais de três vinhos (apesar de ser deficiente… vale o que vale).
O vinho branco mais pontuado veio do Douro, o Maritávora Reserva Branco. Já em média regional, a palma vai para a região dos Vinhos Verdes (5,75), seguida do Douro (5,7), de Bucelas e Alentejo, incluindo regionais (5,5), do Ribatejo, também com regionais (5,37) e da Estremadura (4,5).
Nos tintos verifica-se uma clara liderança do Douro, o que aqui já não é novidade. A classificação mais elevada vai para aí e oito dos doze vinhos com notas acima de 8 referem-se a esta região, pontuações que só o Alentejo e as Terras do Sado conseguem entrar.
Nos tintos sentiram-se grandemente as condicionantes da vida, explicadas anteriormente, resultando algumas surpresas na hierarquia das regiões, o que, de alguma forma, acaba por ser injusto, face à realidade traduzida pelo senso comum.
Respeitando em agregado as Denominações de Origem e os Regionais compatíveis, em termos classificativos, as Terras do Sado conseguiram a liderança, com uma média de 6,36. Seguiram-se Colares (6,25), Douro (5,96), Ribatejo (5,9), Estremadura (5,75), Palmela (5,5), Bairrada (5,4), Alentejo (4,91), Beira Interior (4,63) e Dão (4).
Como se pode comprovar e tendo em conta a percepção do senso comum, a crise foi bastante injusta sobretudo em relação aos vinhos do Alentejo e do Dão. Peço desculpas aos aficionados e produtores destas regiões, mas as condicionantes já referidas não me permitiram escolhas mais valoradas destas delimitações. Pode ser que 2009 corra melhor.

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