quinta-feira, junho 21, 2007

Casa Menéres - Jerusalém de Romeu

Jerusalém de Romeu quase parou no tempo e fixou os encantos de outrora. Quem a vê diz que por ali nada se passou. Na que foi outrora uma modesta pousada junto à estrada que ligava o Porto a Bragança e à fronteira guarda-se a memória de um homem que se enamorou pela terra. Desde então mantém-se o amor entre uma família e a pequena aldeia.
Em 1874 as viagens obrigavam a demoras e transtornos. Ainda assim, Clemente Menéres conheceu o mundo e de Vila da Feira partiu rumo ao Brasil, Japão e Médio Oriente. Mas foi pela pequena aldeia transmontana que este Negociante de diversos produtos se enamorou, quando procurava montados para extrair cortiça.
130 anos passados desde que Clemente Menéres chegou à Jerusalém transmontana, que a Quinta do Romeu se mantém na mesma família. É talvez a maior propriedade de Trás-os-Montes, com quase seis mil hectares, e conserva-se fiel às suas produções de cortiça, vinho e azeite.
A Quinta do Romeu dedica-se apenas a produções biológicas, para que a natureza não seja agredida e se comprometa um recurso que não é de uma só geração. E mesmo sem as ajudas químicas, o negócio rende. Toda a Quinta do Romeu se articula, entre as suas actividades tradicionais e a natureza, para que não se estrague o futuro.
Mas nem tudo é tradição ou passado em Romeu. O problema da poluição das águas ruças dos lagares está ultrapassado. Não há desperdícios, tudo é reaproveitado.
A lavoura não é tudo em Jerusalém. Quatro gerações de Menéres deixaram marcas e objectos, reunidos no Museu de Curiosidades. Uma casa camponesa acolhe automóveis e grafonolas, aparelhos de música, câmaras fotográficas, fotografias, bandeiras, recordações e conhecimento…
Há também uma loja. Mas fora dos campos, o símbolo da aldeia é a Maria Rita, evocação da anfitriã de Clemente Menéres. Onde este outrora pernoitou há hoje um restaurante típico, no sentido de autêntico.
As refeições acompanham-se com os vinhos da casa. O tinto chama-se Romeu, de sabor jovem e intenso. E o branco, fresco e cítrico, não podia deixar de ser Julieta. As duas personagens de Shakespear ilustram a paixão de uma família por uma terra.

Nota: Texto adaptado da reportagem que escrevi para o programa «Da Terra Ao Mar» da RTP 2.

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigada por escrever sobre a minha família!! É um sítio único, de memórias, de bons fins de semana calmos...tenho água na boca só de pensar nas boas refições no restaurante Maria Rita..E os doces? o Azeite?? o bacalhau? hummm Não Mudem portugal, nem este canto calmo e fantástico que existe..é como fosse um lugar de segredo....
Obg