terça-feira, agosto 12, 2014

H’our Branco 2012 e H’our Tinto 2010

Quando era miúdo tinha uns livros muito giros do Hergé, as aventuras de Joana, João e do macaco Simão. Ora, os amigos Joana Pratas e João Nápoles podia adoptar um macaquinho, mas em vez disso meteram-se a fazer vinho.
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Ainda bem, porque os chimpanzés devem viver no seu habitat ou nos zoos, e os vinhos destes dois simpáticos e bem-dispostos vitivinicultores podem ser visitados em mais sítios. E em boa Hour se desafiaram. H’our é a marca dum branco, dum tinto e dum azeite delicioso.
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A propriedade era originalmente uma, mas as necessárias partilhas separaram-nas. Num lado está a Quinta do Monte Travesso – com néctares muito bons – e noutra nasceu a Quinta de Montravesso. O domínio fica na sub-região duriense do Cima Corgo, entre a Régua e o Pinhão. O enólogo é Pedro Francisco.
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O azeite, infelizmente, é pouco, pouquíssimo. Notei-o num equilíbrio entre a tradição e a tendência mais moderna, em que os aromas naturais e frescos fazem apetecer molhar o pão ou regar alimentos em cru.
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Tanto pela quantidade como pela qualidade, o Azeite Virgem Extra enquadra-se no que se pode chamar de segmento de «ourivesaria». As árvores têm entre 60 anos e um século. As cultivares são as tradicionais da região: cobrançosa (50%), negrinha (20%), madural (20%) e verdeal (10%). Em 2013 engarrafaram-se apenas 300 garrafas. Este ano foram 6.300, o que é praticamente o mesmo. Ponham-se na fila depressa, antes que esgote.
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Quanto ao vinho... João Nápoles vendia uvas à Sogrape e o que sobrava não lhe acrescentava o valor de ter uma marca própria. Mas em 2010 nasceu a ideia de lançar um vinho de quinta (embora sem menção no rótulo). A culpa é da Joana, é uma empresária cheia de genica, com espírito de iniciativa e de talento empreendedor.
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Bingo! A Joana Pratas estava certa. A aposta foi ganha. Dois belíssimos vinhos.
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A altitude da Quinta de Montravesso situa-se entre os 450 e os 550 metros e o solo é de xisto. As trepadeiras estão bem instaladas, pois não necessitam de rega. Querem melhor exemplo de «terroir»?!
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A quinta é pequena, mesmo para os parâmetros da região, com apenas 14 hectares, dos quais 12,5 de vinha. As castas tintas são touriga nacional (dois hectares), tinta barroca (1,5 hectares), tinto cão (0,5 hectare) e sousão (3.000 metros quadrados). As brancas são: viosinho (1,3 hectares), verdelho (um hectare), rabigato (um hectare) e côdega (um hectare). A estas áreas somam-se perto de três hectares de vinha velha, que como é comum no Douro é formada uma grande variedade de cultivares.
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Quem habitualmente me lê sabe que («nunca») falo de preços nem de relação entre a qualidade e o preço. Cada um tem um padrão de qualidade e suas balizas de euros. Não é por isso que entrarei agora. Mas vou cingir-me a um patamar concreto, usado comercialmente: está num segmento médio e a puxar para cima ligeiramente.
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Em vez de enunciar as chatíssimas notas de prova – é que não me apetece mesmo e cada vez menos – digo que tanto o H’our Tinto 2010 como o H’our Branco 2012 mostram bem o que é o Douro do Cima Corgo, com evidente frescura. São vinhos que agradecem comida.
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Negativo: não há touriga franca na quinta.
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H’our Branco 2013
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Origem: Douro
Produtor: PNC
Nota: 7,5/10
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H’our Tinto 2010
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Origem: Douro
Produtor: PNC
Nota: 7,5/10

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